fbpx

Em coletiva realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) na tarde desta quinta-feira (21), antes da cerimônia de instalação da Frente Parlamentar para o Acompanhamento da Implantação da Rota Bioceânica, autoridades destacaram os impactos econômicos, a importância estratégica e turística, além da integração entre Mato Grosso do Sul e Paraguai, e os outros países vizinhos, com a implantação da Rota Bioceânica.

De acordo com o coordenador da Frente Parlamentar, deputado Zeca do PT, os objetivos do grupo são trabalhar pela competitividade de Mato Grosso do Sul no cenário internacional e fortalecer o desenvolvimento econômico. “A rota, quando concluída, trará inúmeros benefícios do ponto de vista da integração, da oportunidade que nos dá, não só econômica, mas também social, cultural e turística. Evidentemente que no rastro disso podem aparecer problemas de ordem ambiental, de exploração possivelmente de menores de trabalho e de mulheres, então precisamos acompanhar”, explicou o parlamentar.

“Nós queremos interagir e nos juntar aos que ousaram sonhar, construir e superar as dificuldades. Assim, permitir que logo possamos sair daqui e chegar ao Pacífico, tornando nosso estado altamente competitivo no mercado internacional e aproximando os nossos povos da América do Sul”, salientou Zeca. O deputado complementou que a instalação do grupo de trabalho, com a presença dos ex-presidentes Michel Temer e Mario Abdo Benítez, tem um significado extraordinário. “Primeiro, porque nos dá a oportunidade de fazer um reconhecimento público, entregando a justa homenagem aos ex-presidentes e ao ex-ministro Carlos Marun, pelo papel visionário, desafiador, corajoso e determinado que tiveram em aproximar as partes. Essa iniciativa coloca o Mato Grosso do Sul no epicentro do desenvolvimento, com certeza, econômico, mas também da integração social, cultural e turística na América do Sul”, concluiu.

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), pontuou a dimensão do projeto da Rota Bioceânica e parabenizou a iniciativa da Assembleia Legislativa com a Frente Parlamentar. “Vamos ter mais competitividade, o que significa uma janela de abertura gigante do ponto de vista comercial para o Mato Grosso do Sul, parte do Centro-Oeste, para os países que a rota atravessa, como o Paraguai, a Argentina e o Chile. Do ponto de vista do ir e vir de diversos produtos, de diferentes cadeias produtivas, do turismo, da integração nacional, a expectativa da rota já tem atraído muitas missões e as empresas logísticas começam a se movimentar. São 14 dias a menos de navio, 450 mil dólares a menos de uma taxa. Porto Murtinho passa por uma transformação de investimento e nem começou, nós estamos só com a expectativa da rota. Então parabenizo a iniciativa da Assembleia”, pontuou.

Riedel apontou a integração entre o Mato Grosso do Sul e os países da América do Sul que compõem a rota. “Quero aqui cumprimentar o ex-presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez, porque ele tomou uma decisão lá atrás de pavimentar 500 quilômetros no Chaco Paraguaio. Também rendo minhas homenagens ao ex-presidente Michel Temer e ao Carlos Marun, pelo trabalho realizado. Ainda temos muito a assistir como relações diplomáticas, fast track e melhoramento das relações das alfândegas para que a rota funcione bem. Então, esse processo é uma construção diária de todos os protagonistas políticos que fazem parte do momento da história”, finalizou.

O ex-presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, afirmou que a Rota Bioceânica é o novo canal do sul do Panamá. “Isso mostra a importância que representa para a nossa região ter tomado a decisão política de avançar na construção da Rota Bioceânica e da ponte. O Paraguai fez a sua parte, construiu 300 quilômetros durante a minha gestão e já pavimentou a Rota Bioceânica e os contratos do segundo trecho já foram assinados e contam com fonte de financiamento. Este corredor bioceânico que liga o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico mudará para sempre a configuração logística da nossa região e permitirá que todos os países sejam protagonistas do acesso para grandes mercados de uma forma mais competitiva”, destacou.

Ele ainda ressaltou que Paraguai e Mato Grosso do Sul exportam cerca de 20 milhões de toneladas de soja, que hoje têm que sair pelo Canal do Panamá pelo Atlântico. “Dentro de dois anos, essas toneladas chegarão através do corredor bioceânico diretamente aos portos do Pacífico, permitindo a todos nós chegarmos a esses mercados de uma forma muito mais competitiva e com menos custos logísticos. Isso tudo representa o processo de integração cultural, turística e estratégica para a produtividade e para as raízes do nosso povo, principalmente no Paraguai, onde está o Chaco Paraguaio”, explicitou Benítez.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), citou as possíveis rotas de integração nacional e a atuação do Governo Federal em relação ao projeto. “É determinação do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que devemos olhar além do mar. É muito importante atuarmos em relação à Rota e ao acordo do Mercosul e União Europeia. Estive a semana passada, inclusive, na Espanha, que tem total interesse. Então, será um ganho sem precedentes nas relações comerciais e, consequentemente, na geração de emprego e renda. A integração do Brasil, antes de tudo, começa pela integração regional. No nosso ministério temos um grupo de trabalho que vai entregar ao governador, já agora no final de outubro, todas as possíveis rotas bioceânicas que ligam os estados fronteiriços do Brasil com os nossos países vizinhos. Lembrando que uma rota bioceânica não exclui nem compete com a outra, ao contrário, elas se retroalimentam a partir do momento em que nós passamos a perceber que, em matéria de distância, de tempo e, consequentemente, de custos, é muito mais vantajoso para o centro-sul do Brasil produzir e exportar pelo Pacífico e não pelo Atlântico”, reforçou.

Texto: Aline Kraemer/Agência Alems
Edição: Éder F. Yanaguita
Foto: Luciana Nassar/Alems